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“NOSSO POVO ESTÁ PREPARADO PARA QUALQUER MUDANÇA”, AFIRMA MÉDICA CUBANA

A produção desta entrevista é fruto de uma parceria entre o Blog do Gusmão e o site Ilhéus Comércio. A entrevistada preferiu manter sua identidade em sigilo.
A morte de Fidel Castro repercute desde a confirmação oficial do governo cubano na noite de sexta-feira, 25 de novembro de 2016.
Opiniões de muitas cores disputam espaço nas mídias sociais e meios de comunicação. A memória de Fidel virou campo de batalha do sentido histórico que os intérpretes do mundo tentam imprimir.
No último sábado (26), conversamos com uma médica cubana sobre a repercussão da morte de Fidel. Ela falou do clima de luto no país Natal e das expectativas a respeito do destino de Cuba. Referiu-se de forma muito carinhosa ao comandante da revolução cubana, a quem chama de “segundo pai”. Também demonstrou orgulho ao falar dos serviços públicos de saúde e educação da ilha revolucionária. Leia a entrevista.

BG e IC – Você pode falar como está sendo a repercussão da morte de Fidel em Cuba?
Médica – Nossa Cuba está de luto. Nosso presidente sempre foi Fidel Castro. Além das coisas que qualquer pessoa do mundo pode falar de Fidel, nosso povo o ama. Foi um presidente que fez tudo pelo povo: saúde, educação, que são as coisas mais importantes para a vida de qualquer um. Tudo de graça. A melhor saúde do mundo é de Cuba. A melhor educação do mundo está em Cuba. Nós não temos casas e carros de luxo. O luxo é merda. Nosso povo está de luto.

BG e IC – Qual a expectativa que você tem sobre Cuba, após a morte de Fidel?
Médica – Expectativa é só expectativa. Ninguém sabe o que vai acontecer. Como cubana, acho que nosso governo continuará o mesmo, promovendo saúde e educação de graça para o nosso povo. Ou melhor: saúde para o mundo e todo aquele que precise. Vamos ter mudanças, com certeza, mas ninguém sabe quais. O nosso povo está muito bem preparado para aguentar qualquer mudança, mas nunca vamos mudar nosso amor e nossos valores. Sinto muito a morte de nosso Fidel Castro, meu segundo pai nessa vida.

BG e IC – Quais os valores que o comandante Fidel pode inspirar nos governantes brasileiros?

Médica – Nenhum cubano vai falar o que o brasileiro deve fazer. Só o brasileiro mesmo pode saber o que o povo precisa e de que presidente o país precisa.

BG e IC – O principal canal de televisão do Brasil (Rede Globo) afirma que os idosos de Cuba sentem mais a morte de Fidel do que os jovens. Para você isso é verdade?

Médica – Com certeza, sim. Em muitos países do mundo, os idosos são esquecidos, mas, em nosso país ninguém esquece os mais velhos. Eles têm onde ficar, as famílias os amam. Eles têm acesso aos serviços de saúde. Agora, os jovens de qualquer país do mundo querem experiências diferentes e conhecer coisas novas, não só os cubanos. Cuba abriu as portas para que os jovens viajem e façam o que quiser. Mas penso que a comparação não é justa. Não podemos comparar o jovem com o idoso. O jovem não está doente, não tem filhos nem netos.

BG e IC –Você integra um corpo expoente da revolução cubana, exemplo de uma medicina essencialmente humanitária. Qual o significado do comandante Fidel para você e sua família?

Médica – A medicina de Cuba é reconhecida como a melhor do mundo. Qualquer pessoa pode acreditar na medicina que tem um tomógrafo, como um do Japão, que faz exames até genéticos. A medicina de Cuba não tem isso. Não pode pagar por isso, porque o país não tem riqueza nenhuma. Mas, Cuba tem pessoas que amam seu país. Cuba tem milhões de médicos em todo o mundo, na África, América, Europa, médicos que só dão um abraço e dizem “te amo” para pessoas que muitas vezes não podem pagar nem fazer um exame.
Os médicos sabem do que estou falando. Para fazer um exame clínico, examinar um paciente, podemos descobrir o seu problema colocando a mão sobre ele. Podemos saber o que aquela pessoa está precisando. Essa é a nossa medicina. Uma medicina que, apesar do bloqueio dos Estados Unidos, desenvolve muitos estudos e vacinas que não existem em outros lugares do mundo. Também temos tratamento para vitiligo e muitas doenças. Fomos o primeiro país do mundo a erradicar a transmissão da Aids das gestantes para os bebês. Nenhum criança nasce com Aids em Cuba.

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