Morre Mãe Carmosina, ícone religioso de Ilhéus, aos 108 anos de idade
Falece Mãe Carmosina aos 108 Anos, uma das Maiores Lideranças Religiosas de Ilhéus
A madrugada deste sábado, dia 29, foi marcada pela perda de uma figura emblemática da espiritualidade brasileira. Mãe Carmosina Mota de Souza Santos, como era conhecida, faleceu aos 108 anos em Ilhéus, no sul da Bahia. Sua trajetória de vida e sua influência no âmbito religioso a tornaram uma das líderes mais respeitadas na região, especialmente entre as comunidades de crença afro-brasileira.
Carmosina nasceu em 1917 na cidade de Itaquara, localizada na região sudoeste da Bahia. Desde a infância, mostrou-se conectada às tradições familiares e ao universo da fé, sendo introduzida aos rituais afro-brasileiros por sua família. Sua dedicação e amor às práticas religiosas a levaram a se tornar uma mãe de santo, cargo que ela ocupou com grande reverência e responsabilidade ao longo das décadas.
Ao longo de sua vida, Mãe Carmosina se destacou não apenas como líder espiritual, mas também como uma figura de resistência cultural. Em um país marcado por desigualdades e preconceitos, a prática das religiões de matriz africana frequentemente enfrenta desafios significativos. Mãe Carmosina tornou-se um símbolo de luta e de afirmação da identidade afro-brasileira, promovendo o respeito e a aceitação das diversas manifestações culturais e religiosas.
Em sua comunidade, Mãe Carmosina era conhecida por seu carisma e generosidade. Milhares de fiéis a procuravam em busca de orientações espirituais e ajuda em momentos de dificuldades. A mãe de santo oferecia não só consolo, mas também aconselhamento e orientação, ajudando muitos a superar suas crises pessoais. Sua casa era um ponto de acolhimento, onde diversos rituais e celebrações eram realizados, promovendo um ambiente de união e espiritualidade.
Além de suas funções como mãe de santo, Mãe Carmosina era uma ativa defensora dos direitos humanos e da justiça social. Ela se pronunciava frequentemente sobre a importância da inclusão social e da defesa dos direitos das minorias, especialmente em prol da comunidade afro-brasileira, que ainda enfrenta muitos desafios no Brasil contemporâneo. Suas palavras ecoaram muito além das fronteiras de seu terreiro, influenciando gerações e convidando todos a refletirem sobre a importância da diversidade e do respeito mútuo.
A notícia de sua morte foi recebida com grande pesar por amigos, familiares e admiradores de sua trajetória. Nas redes sociais, homenagens de diversas pessoas marcaram a despedida da líder religiosa. Muitos relembraram não só sua fé inabalável, mas também seu carisma e a maneira única como ela abordava a vida e a espiritualidade. A perda de Mãe Carmosina é sentida como um vazio profundo por todos aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-la ou de serem tocados por sua sabedoria.
O legado deixado por Mãe Carmosina transcende sua vida e será perpetuado por seus discípulos e pela comunidade que ela ajudou a construir. Com sua partida, a Bahia se despede de uma das suas mais notáveis representantes da religiosidade afro-brasileira, mas suas lições e ensinamentos continuarão a inspirar aqueles que creem na importância da espiritualidade e da luta por respeito e igualdade.
Em um momento em que o respeito à diversidade religiosa é mais necessário do que nunca, a vida de Mãe Carmosina serve como um lembrete poderoso sobre o valor das tradições e a importância de preservar a cultura afro-brasileira. Sua contribuição para a sociedade, através da promoção da tolerância e do amor ao próximo, permanecerá viva na memória coletiva de todos que conheceram sua história.
Assim, com o falecimento de Mãe Carmosina, o Brasil perde não apenas uma respeitada mãe de santo, mas uma verdadeira guardiã da cultura e espiritualidade afro-brasileira, cuja influência ecoará por gerações.
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