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Em resposta à ADUSC, Prefeitura de Ilhéus diz que não decide quem vive ou morre

Foto: Secom/Ilhéus.

A Associação de Docentes da UESC (ADUSC) afirmou que a gestão da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus descambou para a “necropolítica” em Ilhéus – leia aqui. Ontem, 29, a prefeitura respondeu a acusação da entidade. Leia a resposta na íntegra:

“Prefeitura de Ilhéus exerce direito de resposta à nota de repúdio da Adusc

A Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), no tocante às declarações proferidas pela Associação de Docentes da UESC (Adusc) acerca de informações relacionadas à saúde de Ilhéus, comunica que a Sesau tem atendido e atende todas as orientações, condutas e protocolos estabelecidos em Notas Técnicas emitidas pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), para o adequado enfrentamento à pandemia do coronavírus na cidade.

De acordo com o médico infectologista e consultor do Comitê Operacional de Emergência de Combate à Epidemia causada pela Covid-19 (COE), Gustavo Cunha, “felizmente aqui em Ilhéus não foi chegado ao ponto de ter que decidir quem deve viver e quem deve morrer. Antes mesmo da pandemia aqui chegar, a saúde municipal se preparou, tanto que Ilhéus é hoje a cidade do interior do Estado com o maior número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) SUS para pacientes com Covid-19”.

O especialista destaca que os pacientes que se dirigiram ao Centro de Atendimento Covid-19 no Centro de Convenções, foram e têm sido atendidos conforme os protocolos de saúde dos órgãos competentes, inclusive os pacientes em situação crítica, que receberam e recebem os cuidados de terapia intensiva. “Tanto é que nenhum paciente veio à óbito diretamente ligado à falta de leitos de UTI aqui em Ilhéus. Ao contrário. Temos recebido, inclusive, pacientes de outras cidades”, explica.

Testagem Covid-19 – De acordo com a Vigilância Epidemiológica da Sesau, o município já realizou 5.225 testes swabs do tipo exame RT-PCR e 4.596 testes rápidos para detecção da Covid-19 até o dia 27 de julho de 2020. Em torno de 130 a 150 testes são realizados por dia em Ilhéus, entre swabs e testes rápidos realizados no Centro de Atendimento Covid-19 e pela Vigilância Epidemiológica. O  coordenador do COE, o médico cardiologista André Cezário,  enfatiza que o Município de Ilhéus utiliza a quantidade total de testes disponibilizados pela Sesab. “Os testes são realizados conforme os protocolos específicos das Normas Técnicas do Estado. Temos noticiado quais são os protocolos para acesso e conhecimento público. A autoridade médica avalia se o paciente se enquadra no protocolo ou não”, destacou.

Para o infectologista Gustavo Cunha, “não podemos falar em subnotificação baseando-se exclusivamente na questão das testagens de exames laboratoriais de teste rápido, até porque o diagnóstico da infecção da Covid-19 pode ser clínico, clínico imagem, clínico epidemiológico e pode ser laboratorial. Então, existem várias maneiras aceitas nas comunidades científica e médica, de se diagnosticar a Covid. Assim, alegar subnotificação por realização de testes rápidos não seria um caminho aconselhável a ser seguido. Por outro lado, a cidade de Ilhéus testa e testa muito os pacientes com suspeita de Covid, pois os testes rápidos e swab são feitos de maneira sistemática nos pacientes que têm indicação para isso. O propósito da Secretaria de Saúde é ter os números reais para que tenhamos uma noção de como a epidemia está se comportando na nossa cidade”.

Dados dos Boletins Sesau/Sesab – Em relação aos questionamentos acerca dos dados do Boletim Covid-19 de Ilhéus apresentarem diferenças em relação ao Boletim da Sesab, deve ser sabido por todos que conforme a conduta estabelecida pela própria Vigilância Epidemiológica do Estado da Bahia, é o ente municipal quem alimenta o sistema VIGI e-SUS, onde constam os dados do coronavírus, e, também, é quem valida os dados que chegam da Sesab relativos à Ilhéus. O processo de atualização de dados pela Sesab no Boletim Covid-19 do Estado não acontece automaticamente, uma vez que há um espaço de tempo para o processamento e validação das informações.  “Todo dia recebemos uma lista da Sesab para a validação pela Sesau. Unidades de outros municípios acabam lançando no sistema casos de pacientes como se fossem de Ilhéus, mas que na realidade são de outros municípios. Validamos os dados dos pacientes de Ilhéus, e os que não são, nós não validamos e devolvemos a lista com a correção, para que seja feita a atualização pela Sesab”, explicou o titular da Sesau, Geraldo Magela. Vale ainda lembrar que a própria Sesab já emitiu, por diversas vezes, comunicados informando sobre retificações que o órgão estadual realiza no próprio Boletim Covid de dados de diversos municípios, inclusive de Ilhéus.

Gabinete de Crise – Sobre a alegação da Adusc de que o órgão municipal de saúde supostamente ignora as recomendações do Comitê de Crise da UESC, o  coordenador do COE é  contumaz ao assentar que o Município de Ilhéus conta com um Gabinete de Crise constituído por várias representações sociais e entidades, onde a própria UESC possui um assento, assim como o Ministério Público, para a discussão das tomadas de decisões. “O Gabinete de Crise se respalda em estudos epidemiológicos, dados e orientações das normas técnicas dos órgãos de saúde”, enfatizou Cezário”.

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