Por que os carros não terão preços reduzidos apesar de sobrarem nos pátios de venda?
Palavras-chaves: indústria automotiva
Cinco grandes montadoras Volkswagen, GM, Mercedes-Benz, Ford e Fiat Chrysler Automobiles (FCA) anunciaram que paralisarão a produção no Brasil devido à queda na demanda por veículos novos. Essa mudança se deve à necessidade de ajustar a produção ao novo cenário de mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e o encarecimento dos financiamentos. As montadoras decidiram suspender a produção temporariamente para evitar a acumulação de estoques e reduzir os custos.
A medida afetará, diretamente, a produção em suas fábricas no país, com cada montadora anunciando diferentes períodos de paralisação.
De acordo com as montadoras, os estoques estão em alta, mas isso não deve resultar em uma redução de preços, pelo menos no curto prazo. Ainda assim, os preços permanecerão altos, em parte, devido ao modelo de negócio das montadoras. Elas investem pesado em inovação, eficiência e eletrificação para manter sua margem de lucro, que já é baixa dada a alta carga tributária.
Outro fator que contribui para os altos preços dos carros é a guerra na Ucrânia, que trouxe novos impactos nos preços de commodities necessárias para a indústria, como metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas.
Além disso, as montadoras enfrentam um mercado altamente competitivo, pois precisam correr contra o relógio para desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas.
Para o professor de mercado automotivo da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), Antônio Jorge Martins, “as montadoras precisam gerar rentabilidade para fazer frente ao desafio de investimentos de conectividade e motorização”. Ele ressalta que a única possibilidade de redução de preços é uma redução nos custos de peças, componentes, semicondutores, logística e até mesmo a desvalorização cambial.
Além do aumento da taxa de juros Selic feito pelo Banco Central desde 2021, que começou a trazer consequências mais fortes para a economia, dificultando a concessão de crédito combinada com o encarecimento do crédito, reduziu o potencial de financiamento e, por consequência, a demanda por carros novos. Isso tem peso especial no país, já que o brasileiro não tem costume de comprar veículos à vista. Dois em cada três automóveis são adquiridos no Brasil por meio de financiamento.
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que janeiro de 2023 começou lento. Comparado ao mês anterior, houve queda de 34% nos emplacamentos de automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus, mesmo que o número seja 12% maior que o observado em janeiro de 2022. Em fevereiro, nova queda: 9% em relação a janeiro. Contra o mesmo mês de 2022, o acumulado também passou ao campo negativo: recuo de quase 2%.
Para evitar um encalhe de novos modelos no estoque de montadoras e concessionárias, as paralisações são necessárias, segundo Martins.
O setor espera que a reforma tributária permita uma expansão de suas atividades. O governo federal considera essa iniciativa como uma prioridade, mas ainda não há uma previsão para quando ela será analisada ou implementada.
Sendo assim, os impactos dessa medida seriam sentidos a médio prazo, já que estimulariam investimentos de outras empresas, mas não resolveriam imediatamente o problema dos preços.
Em resumo, as montadoras Volkswagen, GM, Mercedes-Benz, Ford e FCA paralisaram a produção no Brasil devido à queda na demanda por veículos novos. Os estoques estão em alta, mas isso não deve resultar em uma redução de preços, pelo menos no curto prazo. Para as montadoras, a única possibilidade de redução de preços é uma redução nos custos de peças, componentes, semicondutores, logística e até mesmo a desvalorização cambial.
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