Zoomp: Do Brilho ao Declínio – A Trágica História da Moda Brasileira
Zoomp, uma marca que entrou para a história da moda brasileira, foi fundada em 1974 por Renato Kherlakian. Com uma proposta inovadora, rapidamente se destacou em um mercado dominado por grifes internacionais, trazendo à tona o jeans nacional. Por meio de campanhas impactantes e modelagens arrojadas, a marca conquistou a preferência da juventude urbana, criando uma identidade forte e marcante.
O raio amarelo, que se tornou o símbolo da Zoomp, era sinônimo de status e sofisticação. Em seu auge, a marca expandiu suas operações para dez países e celebrou parcerias com grandes nomes, como Gisele Bündchen, que foi fotografada por Mario Testino. No entanto, esse prestígio não foi suficiente para garantir a continuidade da empresa na turbulenta década de 2000, que trouxe desafios significativos.
A decadência e a falência
A abertura do mercado brasileiro para produtos importados, acompanhada pelo crescimento das redes de fast fashion, impactou negativamente a Zoomp. Em um cenário cada vez mais competitivo, a marca enfrentou uma crise financeira severa. Em busca de novas estratégias para a recuperação, a Zoomp vendeu seu controle para a holding HLDC, que assumiu uma dívida de R$ 130 milhões. Apesar dessa medida, a recuperação financeira não ocorreu como esperado.
Visando revitalizar a marca, foi criado o ambicioso projeto do grupo I’M (Identidade Moda), que reunia estilistas renomados, como Alexandre Herchcovitch e Fause Haten. Contudo, a iniciativa logo perdeu força, e em 2008, os estilistas abandonaram o projeto, evidenciando a fragilidade estrutural que a empresa enfrentava.
Foto: Divulgação
Em 2009, o destino da Zoomp foi selado com a decretação de falência após um processo judicial movido por um fornecedor. As tentativas de recuperação judicial e o fechamento das lojas, em meio a um cenário econômico adverso, não foram suficientes para reerguer a marca. A situação parecia irreversível à medida que a relevância da Zoomp no mercado era eclipsada por outras marcas.
Em 2016, a marca foi adquirida em um leilão polêmico pela K2, liderada por Alberto Hiar, o conhecido “Turco Loco” da Cavalera. No entanto, essa aquisição trouxe desafios adicionais para a Cavalera, que também acabou buscando recuperação judicial em 2021. O esperado relançamento da Zoomp na conhecida Rua Oscar Freire foi interrompido devido à pandemia de Covid-19, evidenciando a vulnerabilidade da marca em tempos de crise.
Lembrança que ficou na memória
Atualmente, a Zoomp é lembrada com nostalgia por seus admiradores, que ainda guardam boas lembranças de suas criações. Embora algumas peças possam ser encontradas em marketplaces online, a marca, de fato, tornou-se uma sombra do que já foi. O legado da Zoomp, no entanto, persiste na memória coletiva, como um símbolo de um período em que o jeans nacional se destacou e trouxe inovação ao cenário da moda brasileira.
A trajetória da Zoomp é um exemplo do dinamismo e da complexidade do setor da moda. A marca, que um dia foi sinônimo de inovação e estilo, hoje serve de lição sobre os desafios da adaptação em um mercado globalizado e a importância da reinvenção. O legado deixado pela Zoomp continua a ressoar entre os fashionistas e admiradores, que ainda celebram a contribuição da marca para a valorização da moda nacional.